29.6.10

Incomodado

Howard Thurston




Howard Franklin Thurston nasceu no dia 20 de julho de 1869, em Columbia, Ohio, filho de um fabricante de carruagens, mas que também fabricava moedores e amaciantes de carne, que Thurston e o irmão vendiam pelas ruas.
Thurston também trabalhou de mensageiro de hotel e vendedor de jornais em trens.
Quando adolescente sonhava em ser um jóquei, motivo pelo qual regularmente saia de casa para acompanhar as corridas de cavalo de cidade em cidade, trabalhando nas cocheiras e vendendo os programas dos páreos.

Com 20 anos Thurston estava vendendo jornais quando ouviu um evangelizador pregando sermões, tendo Thurston se interessado pela catequese e decidido que seria um médico missionário.



Com 24 anos, se preparando para o exame de admissão na Universidade da Pensilvânia, Thurston visitou em N. Iorque uma fazenda reformatório para adolescentes infratores, vindo a trabalhar como assistente por um ano e meio. Após, Thurston retorna a Pensilvânia e se depara na rua com um cartaz de Herrmann, o Grande.




Por impulso, ele foi ao teatro no qual o mágico se apresentava e ficou estarrecido.
Thurston aprendeu alguns truques de mágica do livro Modern Magic, de Professor Hoffmann, e se viu em um grande dilema: ser mágico ou pastor.

O destino daria a resposta.

Thurston foi à estação de trem e viu Herrmann e a esposa embarcando em um vagão com destino a Syracuse. Thurston foi à bilheteira e comprou uma passagem para a Pensilvânia. Ao ouvir o ultimo chamado de embarque para Syracuse, por instinto olhou sua passagem e constatou que o bilheteiro havia se enganado: a passagem era para Syracuse. Thurston embarcou no mesmo vagão que Herrmann e sentou-se próximo, na esperança de ver alguns truques. Mas tudo que viu foi Herrmann fumar um cigarro atrás do outro enquanto conversava com a esposa.
Já em Syracuse Thurston assistiu maravilhado ao show do mágico.
Qualquer pretensão de pregar para tribos selvagens se esvaiu no ar.

A decisão estava tomada: seria um mágico.



Alguns meses depois Thurston fez sua primeira apresentação como profissional, como parte de uma trupe circense e com salário de seis dólares semanais.
Não muito tempo depois Thurston conheceu um médico que passava mais tempo criando novos truques com baralhos do que tratando pacientes.
Dr. J. W. Elliot ensinou a Thurston uma técnica inédita que havia desenvolvido: empalme de carta na frente e atrás da mão, de modo que ele podia mostrar a palma e as costas da mão sem que o público visse a carta empalmada.

Thurston estava se apresentando com um show de variedades quando notou que uma dançarina de outra apresentação o observava da coxia.



Thurston estava com 28 anos e a dançarina – Grace Taxco – 15 anos quando se casaram em agosto de 1897, no Mississipi.
Grace passou a ser a esposa e assistente de Thurston.

O primeiro Natal Thurston e Grace passaram em um hotel, proibidos de saírem do quarto em razão de uma epidemia na cidade. Encerrada a quarentena, ambos levaram o show para Montana.

Foi Grace quem sugeriu a Thurston que usasse um fio bem fino, de modo que se tornasse invisível para a platéia, em um número de levitação de cartas.
Thurston estreou a novidade em uma pequena casa de shows em Denver, onde Adelaide e Leon Herrmann também se apresentavam.



Certo dia Thurston estava no lobby do hotel quando sentiu alguém lhe segurando pelos ombros.
Era o agente dos Herrmanns, indagando se ele não era o mágico que fazia um novo número de levitação de cartas, dizendo que Leon havia ouvido falar dele e gostaria de conhecê-lo.
Thurston concordou em mostrar o numero para eles em troca de alguma publicidade. Alguns dias depois da demonstração para os Herrmanns, um jornal local de grande circulação trouxe um longo artigo do mágico que havia conseguido iludir os Herrmanns.

Thurston foi então contratado para se apresentar em Nova Iorque e, para tanto, contratou um garoto negro de oito anos como assistente.




O show foi um sucesso e Thurston passou a ser assediado pelos mesmos agentes que antes o haviam ignorado.
Thurston e Grace se separaram alguns anos depois, tendo o mágico se apresentando em turnê de leste a oeste dos EUA, chegando a Montreal.





Em 1900 Thurston assinava um contrato para quatro semanas de apresentações em Londres, com criticas que ressaltavam seus dons artísticos, sua originalidade e sua habilidade, principalmente em lançar cartas à longa distancia, alcançando todos os cantos do teatro.



O que era para serem quatro semanas de shows se transformou em seis meses. Com direito a visita do Príncipe de Gales no camarim.




Mais tarde, já na Europa, Thurston se apresentou para a realeza da Dinamarca, Grécia e Bélgica.
Em Paris Thurston recebeu rasgados elogios de Leon Herrmann e Harry Kellar.
Thurston poderia assinar contrato para fazer o mesmo show durante anos, mas ele tinha outros planos.

Thurston alugou um galpão, contratou marceneiros, pintores e outros assistentes para preparar um show inédito.
Quando o novo show estava pronto, Thurston arrendou um teatro para os ensaios.
Até então Thurston se apresentava sempre em trajes de gala brancos. Mas para o novo show o figurino havia mudado radicalmente: um príncipe do Oriente, com turbante, calças largas, jaqueta e botas pretas.
Thurston foi então convidado para uma turnê pelos EUA.



Em maio de 1903 Thurston estava nervoso antes da primeira apresentação em Boston, pois uma revista especializada dizia que o show de Thurston se apoiava mais no cenário sofisticado e nos efeitos de iluminação do que nas habilidades do mágico. Mas tudo correu como deveria: Thurston produziu balões de uma cartola, fez aparecer ovos na boca de um assistente e uma galinha do estomago. Em seguida uma estatua ganhava vida e uma torrente inesgotável de água saia da cabaça de uma cabaça para um largo baú.

Em junho o show foi levado para Nova Iorque e outras cidades americanas.
Após um ano de estrada com o show, Thurston assinou contrato para a temporada de verão de 1904 na Filadélfia. A esta altura Thurston acrescentou um número de levitação ao show, e passaria a acrescentar novidades a cada semana.




Thurston entrou no circuito de vaudeville e na primavera de 1905 navegou para a Austrália com seu próprio show, para uma temporada de 10 meses.
Em seguida, apresentou-se nas Filipinas e Hong Kong, onde teve que adaptar o show para o ritmo chinês, fazendo com que a apresentação se estendesse por quatro horas.
Os lucros na China foram excelentes.
Mas o Japão, em guerra com a Rússia, estava refratário a patrocinar entretenimento estrangeiro. Após uma única apresentação em Kobe, Thurston foi para Saigon, Java, Singapura , Rangoon e, finalmente, Índia.

Na Índia Thurston cometeu a gafe de fazer surgir um ovo na boca de um garoto, esquecendo-se que para os indianos o ovo é sujo. O garoto teve que fazer penitência.
Thurston tirou o número do ovo e colocou um número de comédia no lugar: o número terminava com um porco escapando dos braços do mágico e correndo pelo palco, enquanto os indianos também saiam correndo com medo de serem contaminados.

Thurston continuou com suas apresentações na Índia, até que a peste bubônica, que se espalhava pelo país, fez com que retornasse aos EUA. Mas não sem antes entrar em contato com Kellar, pedindo um encontro antes que ele decidisse quem seria seu sucessor.



Thurston chegou aos EUA em maio de 1907, dois anos após sair em turnê mundial. Thurston foi ao show de Kellar e conversou com ele nos bastidores. Kellar anunciou que se aposentaria e passou a levar Thurston para todos os seus shows, apresentando-o como seu sucessor.

Os shows de Kellar atraíram multidões.

Kellar pretendia fazer seu último show em Nova Iorque, mas não havia teatros disponíveis. Assim, ele estendeu em mais uma semana os shows em Baltimore, até que em 16 de maio de 1908 Kellar faz seu último show e se despede dos palcos.





Temporada após temporada os shows de Thurston ganhavam cada vez maiores proporções, embora alguns números durassem alguns poucos segundos.

A temporada de quatro semanas no Globe Theatre, em Nova Iorque, em setembro de 1919 punha abaixo o mito de que um show de mágica não se sustentaria na Broadway.

Durante uma temporada em Washington, em dezembro de 1924, Thurston foi convidado para se apresentar na Casa Branca. Thurston se fez acompanhar de 22 assistentes, uma orquestra e uma parafernália de equipamentos, mas o numero que mais causou sensação foi aquele em Thurston reduziu a migalhas o relógio de ouro do presidente Coolidge, fez desaparecer os fragmentos do relógio, fazendo-o surgir intacto dentro de um filão de pão que acabara de chegar da cozinha.

Na mesma semana aproximadamente 400 crianças dos orfanatos de Washington foram as convidadas de Thurston para seu show. Isto se repetia em quase todas as cidades que Thurston se apresentava, não sendo raro que e quando o próprio Thurston se deslocasse para as enfermarias para se apresentar para aqueles que não podiam se locomover.

Thurston havia limitado seus compromissos às cidades do leste e centro-oeste americano, mas a grande demanda fez com que expandisse os shows para outras regiões americanas.



E para tanto, Thurston contratou um ilusionista de Chicago – Harry Jansen – para encabeçar uma das unidades da companhia e deu-lhe um novo nome artístico – Dante.




Dante debutou à frente da companhia de Thurston em setembro de 1923 e ficou quatro anos se apresentando nos EUA, até ir para Porto Rico, dando inicio a uma turnê mundial.

Raymond S. Sugden, conhecido por Tampa, assumiu a segunda unidade da companhia de
Thurston.




Harry, irmão de Thurston, encabeçou uma terceira unidade.
Thurston passou o verão de 1929 terminando sua autobiografia – My Life in Magic – e fazendo contatos para um novo show de mistérios – The Demon.



Mas a Grande Depressão de 1929 não poupou as caras apresentações de Thurston, obrigando-o a adaptar seus shows para os novos e sombrios tempos.
Thurston agora apresentava shows menos grandiosos, mas mais baratos, e em novembro de 1932 inaugura um novo meio de divulgar sua arte: o rádio.

Em 1934 Thurston apresenta-se na Casa Branca, tendo os jornais estampado fotos de Thurston dando coelhos para os netos de Franklin Roosevelt.

Em abril do mesmo ano, em turnê pela Jamaica, Thurston recebe a notícia da morte de sua terceira esposa, Leotha. Passado o luto, no final do ano Thurston anuncia que após a virada do ano iniciaria uma nova turnê. Mas a turnê teve que ser adiada, pois Thurston, com 65 anos, se casa com uma de suas assistentes, Paula Maid, de 27 anos, e sai de lua de mel.

A turnê só se iniciaria em agosto de 1935, na Filadélfia.

Na noite de domingo, 06 de outubro de 1935, após uma série de quatro shows na Virginia do Oeste, Thurston, a esposa e um casal de amigos acabam de comer uma sopa em um restaurante.
Thurston se levanta para ir embora e após dar três passos entra em colapso e cai ao chão.
Thurston foi encaminhado no dia seguinte para consulta médica, enquanto a companhia, por orientação do próprio Thurston, segue a turnê em frente. Thurston é internado em
um sanatório nas proximidades de Nova Iorque.

Em novembro, Thurston, amparado em uma bengala, noticia à imprensa que estava desenvolvendo um novo show e sai para um retiro no Mississipi e em Miami Beach, com a esposa, enquanto seus equipamentos são estocados em um depósito, vez que os teatros não estavam interessados em shows de Thurston sem a presença do próprio.

Thurston ainda pretendia fazer algumas aparições junto com Rajah Raboid, mas em março de 1936 Thurston sofre uma hemorragia cerebral, vindo a falecer no mês seguinte, em 13 de abril de 1936.

Thurston ganhou mais de um milhão de dólares com sua arte, mas grande parte foi perdida em maus investimentos em minas de ouro no Canadá e especulações com títulos públicos e laranja na Florida.

Com a morte de Thurston seus equipamentos se dispersaram pelo mundo.
Thurston, após ser escolhido como o sucessor de Kellar, foi por 28 anos o maior ilusionista dos EUA.

24.6.10

Mágicas Acontecem

Uma menina surpreendeu sua família em Derbyshire, na Inglaterra, ao produzir um golfinho com uma varinha de fazer figuras de sabão.



Shelby Dewey, de 10 anos, estava brincando durante um churrasco na casa da tia-avó Julie quando espantosamente começou a produzir as figuras com o sabão.
Um dos familiares de Shelby teve a brilhante ideia de registrar sua arte para a posteridade.
(in http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2010/06/menina-faz-magica-com-varinha-e-produz-golfinho-de-sabao.html)

23.6.10

A Família Herrmann





Por mais de 80 anos o nome Herrmann levou multidões ao teatro.

O primeiro Herrmann a ter projeção internacional foi Carl Compars Herrmann, com sua aparência diabólica – depois adotada por seu irmão Alexander e seu sobrinho Leon, tornando-se marca registrada da família – humor refinado, habilidade extrema e poder de autopromoção, equiparou-se aos maiores astros do século XIX.



Carl era o primogênito dos dezesseis filhos de Samuel Hermann e nasceu em Hanover, Alemanha, em 23 de janeiro de 1816. Carl aprendeu os primeiros truques e imitações de assobios de passarinhos atuando como assistente de seu pai.

Certa vez Carl, ainda garoto, foi em uma excursão da escola aos jardins do palácio real francês, em Fontainbleu. Subiu em uma árvore, escondeu-se entre a folhagem e passou a imitar o silvo de passarinhos. Dois príncipes e alguns amigos que por ali passavam ficaram curiosos para ver o passarinho, subiram na árvore e se espantaram ao ver que era Carl. Ficaram tão admirados que convidaram Carl para que fizesse sua apresentação dentro do palácio.



Os Herrmann ainda viriam a se apresentar perante reis e rainhas por muito mais vezes. Quarenta e cinco anos depois, o Duque de Montpensies, em ocasião de uma apresentação de Carl para a Rainha Isabella II, da Espanha. Carl era o mais celebrado mágico da Europa Central.




Carl começou a fazer os primeiros truques de mágica por volta dos 20 anos, em Paris, onde morava, apresentando-se em escolas e audiências privadas. Em pouco tempo já se apresentava em pequenos teatros, ganhando o suficiente para comprar equipamentos e montar um show de três horas. Carl estava pronto para ir para a Inglaterra em busca de audiências, e fama, maiores.


Em Londres Carl apresentou-se como “O Melhor Prestidigitador da França e O Primeiro Professor de Mágica do Mundo”. Ele era um mestre de marketing.

Carl fez versões de truques já conhecidos, como o Portfólio e a Levitação, de ambos do repertorio de Maskelyne, mas melhorados e adaptados à verve dramática de Carl. Mas as melhores rotinas de Carl eram baseadas no trabalho de Robert-Houdin. Isto porque Carl contratou um antigo assistente de R.H., de nome LeGrand, que trouxe consigo alguns dos segredos que aprendera e acabou sendo depois preso por isto.

Iniciava-se ali a rivalidade entre Carl e Robert-Houdin.


Carl seguiu com seu show para as Ilhas Britânicas e a Europa, apresentando-se para a realeza europeia e recebendo, como sinal de admiração, uma boa quantidade de valiosas joias, como um relógio de ouro, adornado com diamantes, pérolas e ametistas, dado pelo Czar Nicola I em ocasião de uma apresentação em S. Petesburgo. Apresentação esta em que Carl usou pela primeira vez como assistente, em um número de levitação, seu irmão de oito anos: Alexander, que viria a se tornar outra lenda na cena artística.

Certa vez Carl foi a uma apresentação de mágica de Philippe, de quem Carl era fã. Ao chegar à porta do teatro foi reconhecido pelo bilheteiro, que ofereceu a Carl ingressos grátis, mas Carl recusou e pagou os ingressos para si e sua acompanhante. Chega a hora do show, as cortinas se abrem e, para surpresa de Carl, o mágico que se apresentava como Philippe era o bilheteiro. Carl levantou-se e gritou: Philippe é meu amigo e você é um farsante, não é francês, você é um desgraçado de um inglês. A audiência inglesa se sentiu insultada e reagiu, ao que a mulher que acompanhava Carl também se levantou e disse que Carl havia se expressado mal, não queria ser desrespeitoso com o público inglês que sempre lhe acolheu bem, e que estava nervoso e irritado com a trapaça e a ofensa a um amigo dele. Enquanto isto Carl havia se levantado da plateia e subido ao palco, levantando a grande toalha que cobria a mesa de apresentações, revelando um garoto de oito anos escondido embaixo da mesa e segurando nas mãos um coelho, pronto para passá-lo por uma porta secreta bem embaixo do cone sobre a mesa, aonde o coelho viria a aparecer. O farsante tentou dar um jab em Carl, mas Carl se desviou e retrucou a agressão, deixando um olho roxo no farsante. O farsante se chamava Harry Graham e viria depois a se fazer passar por Robert-Houdin e outros mágicos europeus.

Carl gostava de se apresentar individualmente. Enquanto muitos dos mágicos da época estavam cada vez mais criando apresentações de maior dimensão, Carl seguia o caminho contrário, se concentrando em prestidigitação. Tal tendência foi inspirada por um mágico chamado Wiljalba Trikell, que após perder toda sua parafernália em um incêndio, passou a se apresentar apenas com os apetrechos que coubessem em seus bolsos.

E foi sob este novo enfoque que Carl se apresentou no Brasil, Uruguai, Argentina e Cuba. Nesta última, Carl ganhou mais um item para sua coleção de joias: uma vara de ouro incrustada com safiras e diamantes.

De Cuba Carl navegou para Nova Orleans, iniciando uma turnê pelo sul dos EUA. Já havia feito 24 shows pelo sul quando irrompeu a Guerra Civil americana, tendo Carl pego o ultimo trem que sairia para o norte.

Já em Nova Iorque, Carl se apresentou na Academia de Música, com ampla publicidade. Carl era um mestre de marketing. Quando foi a um dos mais renomados restaurante da cidade, pediu peixe e quando o garçom trouxe o prato sob uma redoma de prata, ao retirá-la o que se viu foi um rato vivo. Carl também expôs na loja Tiffany’s a coleção de joias que havia ganhado das realezas e famosos para os quais se apresentou em suas turnês mundiais. Centenas de cartazes e panfletos de Carl circularam pela cidade. Não era por menos que a Academia de Música recebeu a maior plateia de sua história. Foram quatro semanas de sucesso com rendimentos de cerca de 35.000 dólares para Carl.

Durante a Guerra Civil, muitos mágicos se retiraram de cena, mas Carl continuou a se apresentar no norte dos EUA, inclusive na Casa Branca perante Abraham Lincoln e outras altas autoridades governamentais. Carl recebeu de Lincoln uma caixa de madeira com duas pistolas de duelos.

Em 1863 Carl retornou para a Inglaterra para uma longa turnê.

Após a turnê inglesa, Carl comprou uma mansão em Viena e a decorou com as antiguidades e souvenires adquiridos em suas turnês.

Carl continuou com apresentações regulares até 1870, quando concluiu uma turnê americana e retirou-se para sua mansão em Viena. Todavia, com a crise econômica de 1874 todas as economias e investimentos de Carl minguaram, forçando-o a vender a casa e suas antiguidades, mantendo consigo apenas seu material de mágicas e as joias que havia ganhado.

Com 57 anos Carl retorna à estrada para apresentações, conseguindo, após, 13 anos, ganhar 150.000 dólares e comprar outra casa em Viena.

Em 1884, em Kiev, durante uma turnê na Rússia, Carl tropeçou em uma calçada do teatro e quebrou um osso do pé. Carl se recusou a ser tratado por médicos russos e seguiu com as apresentações, só vindo a procurar um médico quando retornou a Viena. Mas aí era tarde e as sequelas eram inevitáveis.

Em maio de 1887 a esposa leva Carl para Carlsbad, para uma tentativa de cura, mas um mês depois, em 8 de junho, Carl veio a falecer em decorrência de uma inflamação pulmonar.



Com a morte de Carl, seu irmão Alexander, que já vinha fazendo sucesso com suas próprias apresentações, assume o legado da família Herrmann.

Anos antes Alexander já era apontado como o sucessor de Carl e já tinha alcançado a marca de mil noites no Egyptian Hall e já havia se apresentado em várias cidades inglesas.



Nesta época Alexander conheceu Adelaide, uma dançarina com então 22 anos de idade e filha de belgas, que viria a se casar com Alexander em março de 1875 na cidade de Nova Iorque.



Durante a cerimônia civil Alexander não perdeu a oportunidade: fez surgir da barba do oficiante um rolo de notas de dinheiro.



Decidido a fixar residência dos EUA, Alexander obteve a cidadania americana em 1876.
Seus shows continuavam bem requisitados.

Carl se apresentou no Rio de Janeiro em 1883 perante D. Pedro II, então imperador do Brasil. Dois anos após Alexander se apresentaria no palácio real espanhol perante o Rei Afonso XII, recendo como presente uma sela folheada a prata, tendo o rei ainda indagado como poderia recompensá-lo pelos momentos mágicos proporcionados.
Carl então pediu ao rei que fosse na noite seguinte ao teatro e quando fossem solicitados voluntários o rei deveria se apresentar. E assim foi feito na noite seguinte. Alexander entregou ao rei uma folha de papel e pediu para que o rei o assinasse. O mágico pega o papel de volta, faz uma invocação aos espíritos e pede a eles que mandem uma mensagem do além. Palavras se materializam no papel, que é entregue ao rei para que confirmasse sua assinatura e lesse a mensagem. O rei pegou o papel, deu uma gargalhada e disse: os espíritos indicam Alexander como novo rei da Espanha, eu reconheço minha assinatura e se os espíritos assim ordenam, eu concordo.




Ao contrário de Carl, Alexander passava a desenvolver números cada vez mais grandiosos, como a cremação de Adelaide e levitações. E para transportar seus equipamentos e sua trupe, Alexander contava com um luxuoso vagão casa próprio, bem como alguns vagões de carga.

Alexander, para provar suas habilidades e domínio da mágica, oferecia 20.000 dólares para qualquer pessoa que fizesse algum número que ele não pudesse repetir.




Alexander passou a fazer aquele que seria considerado o número mais perigoso do universo da mágica: pegar um projétil de bala com os dentes.
Após seis apresentações, nos EUA, França, México e Cuba, do número da bala, Adelaide pede que Alexander aposente o número e parasse de desafiar a morte. Alexander ignorou as súplicas de Adelaide.

Algum tempo depois Alexander se retira para uma temporada de descanso em seu iate Fra Diavolo.

Alexander fez grande fortuna, mas perdeu muito dinheiro especulando com algodão na bolsa de mercadorias e futuros, investindo em um teatro na Filadélfia (cujo teto desabou antes da reinauguração) e, por incrível que pareça, jogando carteado.

Alexander também era muito caridoso, fazendo doações e apresentações para os necessitados.

Certa ocasião, uma senhora foi à casa de Alexander para pedir-lhe que fizesse um show beneficente para um fundo de ajuda a crianças doentes. A senhora tocou o sino. A porta se abriu sozinha e ouviu-se uma voz indagando o que a senhora desejava. A mulher procurou ao redor e só viu um pássaro preto falando. De repente surge um esqueleto e a mulher grita de susto. Aparece uma empregada e conduz a mulher, pálida, para o aposento em que Alexander e Adelaide estavam.

Aos 52 anos Alexander continuava com seus shows, mas já anunciava que Leon, seu sobrinho que estava em Paris, seria seu sucessor.



Em dezembro de 1896 Alexander embarcou em seu vagão particular para fazer um show em Bradford, Pensilvânia.

Na manhã de 17 de dezembro, quando o comboio se aproximava de Great Valley, N.Y., o a América perde seu mágico mais popular de ataque cardíaco.
O obituário foi o mais extenso já publicado para um mágico e por vários dias os jornais publicaram artigos sobre Alexander, O Grande.




Adelaide, agora viúva, chama o sobrinho Leon, que estava na França, para que viesse aos EUA.



Leon Herrmann fez sua estreia a frente da companhia, junto com Adelaide, em uma sessão só para a imprensa, no dia 17 de janeiro de 1897, em Nova Iorque. Ele estava com 29 anos, havia sido assistente de seu tio Carl Herrmann na Europa e na América do Sul e herdou a habilidade com moedas, bolas e cartas de seu tio Alexander.
Leon adotou a caracterização dos tios, cultivando os típicos bigodes e barbichas de seus tios. E seu inglês com sotaque francês acrescia um charme à caracterização de Leon.





Mas a incompatibilidade de gênios fez com que Leon e Adelaide se separassem após algum tempo em turnê.





Leon seguiu carreira solo até maio de 1909, quando no dia 16, com 42 anos e de férias em Paris, vem a falecer.



Adelaide, com apresentações de mágica e dança, continua a fazer sucesso, apresentando-se na Europa e em Cuba, embora prefira fazer seus shows na América.

No final de 1917 Adelaide, então com 64 anos, aparece caracterizada de Cleópatra em uma apresentação no Egito, a demonstrar sua vitalidade e versatilidade.

Em setembro de 1926 um incêndio em um depósito de Manhattan vitimou 60 dos animais adestrados da companhia de Adelaide, levando junto à maioria dos equipamentos de mágica que Adelaide herdou de Alexander. Os jornais noticiaram que a carreira de Adelaide estava acabada. Ledo engano.



Adelaide, com 73 anos, entra em turnê novamente, com um novo show.
Passados dois anos, Adelaide ainda estava em cena, mas sua saúde se debilitou e ela foi obrigada a se retirar. Quatro anos após sua ultima apresentação Adelaide morre de pneumonia e arteriosclerose. Era o dia 19 de fevereiro de 1932 e Adelaide estava com 79 anos.



Adelaide teve uma carreira profissional mais longa que as de Carl ou Alexander, ficando em cena por meio século, sendo 31 anos de carreira solo.



Como família de mágicos, os Herrmanns nunca foram superados.

20.6.10

Índia





A Índia, com seu panteão de deuses e ritos, sempre foi um campo fértil para os ofícios mágicos. Crenças e hierofanias impregnam a vida dos indianos.

Os livros sagrados hindus – Vedas e Upanishad – já faziam menção à mágica.

Pelas ruas e praças, histórias de faquires, homens supostamente sagrados, iniciados no sufismo e com votos de pobreza, andam de aldeia em aldeia demonstrando seus poderes sobrenaturais.





A Índia legou ao mundo muitos números de mágica: O truque da Corda Indiana, Cesto Indiano, Mistério da Árvore de Mangas, Covilhetes Indianos, o Indiano ou Tapete Voador.


A Corda Indiana







O mágico indiano joga uma corda de aproximadamente 5 metros de comprimento para o alto, ficando a corda suspensa. Um garoto sobe pela corda até desaparecer em uma nuvem de fumaça. O mágico manda o garoto descer, mas ele se nega. O mágico, então, fica irritado, pega uma machadinha e sobe pela corda atrás do garoto. Alguns instantes depois ouvem-se berros e partes do corpo do garoto caem ensangüentadas. Um assistente vai recolhendo os pedaços e colocando-os dentro de um grande cesto. O mágico desce pela corda e ao abrir o cesto lá está o garoto íntegro e ileso.


20 of 50 Greatest Magic Tricks - Indian Rope Trick (Amazing)

Download @ Punjabi Lok Virsa Media Center


O “The Magic Circle” ofereceu 4.000 dólares para quem provasse a veracidade daquela mágica, mas ninguém conseguiu. Trata-se, portanto, de uma lenda, como, no Ocidente, de João Pé de Feijão. Existem muitas versões deste número realizadas em teatros, como Carter e Thurston, mas jamais se viu alguém fazê-lo ao ar livre.








Em 1835 surgiu a história, dada por verídica, de um homem que tinha sido enterrado vivo por quatro meses e sobrevivera.

Inspirado nestes relatos, David Blaine, em novembro de 2000, em Nova Iorque, entrou em um cubo gelo fechado em todos os lados, e permaneceu lá por 61 horas, 40 minutos e 15 segundos, até ser removido pela equipe técnica com suspeita de hipotermia.




Homens que dormem sobre leitos de pregos, que andam sobre brasas, que ficam meses, anos, sem ingerir comida, que levitam, que tem controle sobre as funções vitais do corpo, que encantam serpentes, todos são exemplos do universo mágico da Índia.



Dentre os mágicos indianos mais conhecidos, destacam-se Patrul Chandra Sorcar,



Vazhakunnam Neelakandam Namboothiri



e Prof. K. Bhagyanath.



Abaixo algumas imagens de mágicos em aldeias indianas, registradas na década de 1950.



Namastê.

19.6.10

Brain Trip

Acredite: é verdade.