15.6.10

O Mágico Estelionatário de Idosos

Mágicos são presos após golpe em aposentado em SP


Na esperança de se curar de uma hérnia na virilha, um aposentado de 76 anos caiu em um golpe aplicado por um mágico em Carapicuíba, na Grande São Paulo. Na terça-feira, o suspeito se passou por sobrinho do médium Chico Xavier, recolheu oito cartões bancários da vítima sem que ela percebesse e os usou em saques e compras. Ele contou com a ajuda de um auxiliar. No dia seguinte, o mágico Luciano de Souza Castro e o seu ajudante, Marcelo Alves Pinheiro, foram presos em um shopping na zona leste de São Paulo. Eles são apontados pela polícia como os autores do crime.



Para enganar o aposentado, a dupla usou um truque de mágica. A vítima, que pediu pra não ser identificada, contou que foi abordada por Pinheiro no corredor do supermercado. Ele questionou se o aposentado sofria de algum problema de saúde. "Eu disse que eu tinha hérnia na virilha, daí ele me perguntou se eu conhecia o sobrinho do Chico Xavier, que era muito bom para curar as pessoas." O desconhecido chegou a dizer à vítima que a mãe dele sofria de problemas no estômago e que foi curada pelo sobrinho do médium.


Depois disso, Pinheiro ligou para o comparsa e pediu que ele fosse até o supermercado. Os três se dirigiram até as proximidades da casa da vítima, em Carapicuíba, em um carro dos suspeitos. Segundo o aposentado, foi lá que Castro usou o truque de mágica para impressioná-lo. Ele pegou uma folha de caderno e mandou que o aposentado cuspisse nela. Em seguida, pediu uma moeda de R$ 1. "Eu não tinha e dei uma nota de R$ 2 para ele", contou.


O mágico então falou para o aposentado cuspir sobre a nota, colada na folha. Em seguida, jogou o papel no chão e pisou nele. Quando tirou o pé, a folha e a nota de dinheiro estavam sujas de tinta vermelha. "Ele (o mágico) me disse que era sangue e que isso era coisa de algum vizinho meu que queria me ver na cadeira de rodas ou no caixão", relatou o aposentado.


Após o truque, o golpista disse que faria um "trabalho" para a vítima, sem cobrar nada. O mágico pediu os cartões bancários do aposentado, que os entregou. Ele então fingiu ter embrulhado os cartões junto com quatro velas, mas os escondeu sem que a vítima percebesse. "Ele me disse para não abrir o pacote e não contar para ninguém. Depois falou que eu tinha de comprar ingredientes para fazer uma ''garrafada'' e levar esse pacote e os ingredientes na Avenida Alice, na terça que vem, ao meio-dia." O mágico deixou com a vítima anotações dos ingredientes da "garrafada" - alecrim, catuaba, babatemão, sene e cipó cruz - o endereço de entrega e um telefone celular.


O aposentado voltou para casa e, de noite, desconfiado, resolveu abrir o pacote de velas. Foi quando percebeu que no lugar dos cartões estavam pedaços de PVC. Ele guardava colado nos cartões bancários um papel com a senha de cada um. Na manhã seguinte, depois de uma consulta médica - ele será operado da hérnia no sábado - a vítima contou à esposa o que havia acontecido. Ela então avisou o filho do casal.


Prejuízo


O filho da vítima, um analista de sistemas de 39 anos, disse que as despesas feitas nos cartões somam R$ 5,4 mil somente em débitos. A família ainda não sabe se foram feitos gastos nos cartões de crédito. Foi o filho quem cancelou os cartões do pai. Depois de pegar um extrato bancário, ele viu dois débitos, de R$ 700 e de R$ 36, feitos em uma mesma loja de roupas masculinas em um shopping na zona leste. "Falei com o gerente, que me disse que a pessoa que havia gastado isso voltaria naquele dia para buscar sete calças que havia deixado na loja para fazer a barra."


Após confirmar que o débito havia sido feito no cartão do aposentado, a loja acionou a segurança do shopping. Quando Pinheiro foi buscar as roupas, foi detido. Com as descrições do carro e do segundo suspeito, os seguranças fizeram uma busca no estacionamento e encontraram Castro dentro de um carro. Um kit de mágica foi apreendido. A Polícia Militar (PM) foi acionada e encaminhou a dupla ao 30º Distrito Policial (Tatuapé), onde a ocorrência foi registrada.


05 de novembro de 2009
DANIELA DO CANTO - Agencia Estado

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